A Porta da Paz

/imagens/a-porta-da-paz.png

Era mais uma manhã movimentada em Jerusalém, e Eli, um jovem carpinteiro com um sorriso travesso e mãos cheias de calos, estava preparando a madeira para suas encomendas. Era um dia especial para ele — seu pai lhe dera a responsabilidade de esculpir a porta da sinagoga local, um sinal de que ele estava crescendo na profissão.

Enquanto Eli martelava a madeira com habilidade, ele ouviu uma voz familiar. Era Miriã, sua amiga de infância, sempre curiosa e espirituosa. “Eli, você sabia que hoje vai ter uma pregação especial na cidade? Um novo rabino que dizem ser diferente de todos os outros!”

Eli parou de trabalhar e olhou para Miriã. “Mais um rabino? Achei que já tínhamos o suficiente para uma festa inteira!” Ele sorriu, mas não pôde esconder sua curiosidade. Jerusalém sempre estava cheia de novidades, mas algo na expressão de Miriã o intrigava.

“Ah, mas este é diferente,” Miriã insistiu, “ele fala sobre amor e misericórdia de um jeito que ninguém faz. É como se ele estivesse pintando um quadro com palavras!”

Eli não pôde resistir. Fechou a oficina temporariamente, e os dois amigos se aventuraram pelas movimentadas ruas até a praça principal, onde uma multidão já se reunia. Encontrar um lugar para assistir era um desafio, mas com um pouco de empurrões e risos, conseguiram se posicionar no meio do povo.

Finalmente, o rabino apareceu. Ele era simples, mas sua presença irradiava uma paz contagiante. “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso,” disse Jesus, começando sua pregação.

Eli sentiu algo tocando seu coração. Não era um golpe de martelo ou um prego essa vez, mas uma sensação de leveza e esperança. Ele nunca tinha ouvido palavras assim. Ao longo da pregação, Eli e Miriã compartilhavam olhares de surpresa e encantamento, como se cada frase fosse uma peça do quebra-cabeça divino que finalmente se encaixava.

Após a pregação, Eli sentiu uma necessidade urgente de falar com Jesus. Com Miriã ao seu lado, eles se aproximaram. “Senhor,” começou Eli, ainda com o martelo na mão, “como posso carregar essa paz que o Senhor falou? Minha vida está cheia de preocupações, contas a pagar e tarefas intermináveis.”

Jesus olhou para Eli com olhos cheios de compreensão. “Eli, assim como você esculpe a madeira com paciência e dedicação, esculpa sua vida com fé e confiança em Deus. Cada dia é uma peça da obra-prima que Ele está criando em você.”

Eli sorriu, sentindo um peso ser levantado de seus ombros. Ele olhou para Miriã, que também sorria, e soube que suas vidas jamais seriam as mesmas. Voltando para sua oficina, ele começou a trabalhar na porta da sinagoga com um novo fervor e gratidão.

A partir daquele dia, cada tábua, cada prego e cada martelada se tornaram uma oração silenciosa, um lembrete constante de que, como a madeira bruta se transforma em algo belo através do trabalho diligente, Deus também estava esculpindo algo maravilhoso em sua vida, com amor e misericórdia em cada detalhe.


Escrito por:

Pastor Joaquim Bispo

Pastor há mais de 30 anos, me dedico a escrever textos devocionais para louvar a Deus.